AlfaCitrus projeta recuo da safra de laranja, mas vê estabilidade da cotação
Uma das maiores beneficiadoras de frutas cítricas do País, a AlfaCitrus, projeta uma queda de 15% a 20% da produção de laranjas e de 30% para as tangerinas na temporada 2018/2019, devido principalmente ao clima desfavorável.
De acordo com o sócio e diretor comercial da AlfaCitrus, o Emílio Favero, a retração é resultado das altas temperaturas e do clima seco no período de florada, entre setembro e outubro, que levaram a uma colheita antecipada acentuada e, em alguns casos, a fruta nas laranjeiras chegou a murchar.
“No caso da tangerina, a produção da AlfaCitrus foi muito alta neste ano e é comum uma alternância de produção entre anos mais fartos e outros de volumes menores”, explica o diretor.
A perspectiva da companhia acompanha o cenário geral para a próxima safra, que tem produção estimada para São Paulo e Triângulo mineiro de 320 milhões de caixas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A queda é de 16,7% em relação à estimativa divulgada em dezembro pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) para a safra 2017/2018, de 385,2 milhões de caixas – um incremento de 57% ante a 2016/2017. O quarto levantamento do Fundecitrus para a temporada 2017/2018 será divulgado no próximo dia 15.
Diante deste cenário, Favero projeta valorização dos preços da fruta na próxima temporada. “O fato de termos menos oferta neste ano deve fazer com que a indústria busque por mais produto e pague um pouco mais”, afirma. “As cotações não devem ser tão boas quanto em 2016, mas certamente serão melhores que em 2017 por conta da oferta restrita”, estima Favero. Essa demanda aquecida pela indústria deve resultar de uma maior procura pelo produto por parte do consumidor, resultado da retomada esperada para a economia neste ano. “Além disso, as indústrias devem terminar esta safra com estoques bem acima do ano passado, mas ainda abaixo do patamar histórico”, observa.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor médio pago pela indústria pela laranja para a produção de suco estava em R$ 16,47 a caixa de 40,8 quilos nesta terça-feira (06).
Em 2016, a média de preços era de R$ 25 pela caixa posta na indústria neste mesmo período, diz Favaro. “Se a indústria pagar mais pela fruta para garantir a produção, o produto in natura no varejo tende a ser mais valorizado”, estima.
Atualmente, entre 70% e 80% da produção brasileira tem como destino a produção de sucos e o restante é destinado ao consumo in natura. “Esperamos que na nova safra a caixa volte a ser negociada a R$ 20”, destaca.
Ainda que o produto para venda no varejo tenha um valor mais atrativo, ele explica que é menos interessante para o produtor apostar nesse segmento. “O varejo demanda uma especialização maior, uma oferta mais diversificada de produção, investimentos em rastreabilidade e em packing houses. Para a indústria, não é preciso nada disso”, argumenta Favaro.
O bom desempenho que deve ser alcançado neste ano se deve ao maior número de laranjeiras em produção, resultado de um projeto de renovação de pomares que a empresa desenvolve há três anos.
“Já temos áreas que começaram a primeira produção neste ano e, até 2019, esperamos concluir todo o projeto”, estima Favaro.
A mudança consiste na substituição de áreas com pomares antigos de laranja pera por árvores mais novas da mesma variedade. Outros pomares estão sendo substituídos pelas variedades bahia, morgote, lima e outras.
O projeto engloba uma área de 250 mil pés, que será substituída por 350 mil pés que serão plantados com maior adensamento.